quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Raízes

Será que o local onde nascemos é mesmo importante?
Para os nossos Avós a resposta seria sem dúvida muito afirmativa. Éramos de determinada aldeia, vila ou cidade; numa determinada província de Portugal. Tínhamos nascido naquela rua, na casa nºxxx. Os nossos avós, pais, tios e primos viviam noutra rua e costumávamos passar férias nalgum local próximo ou distante, mas que fazia parte do imaginário familiar.
Com os tempos tudo isso mudou... ou não.
Quantos hoje em dia estariam dispostos a pagar para ficarem com a casa onde nasceram? (tendo obviamente essa capacidade)
Quantos estariam dispostos a pagar pela cama onde nasceram e nasceram todos os seus irmãos e irmãs?
Será que têm algum valor? Ou é melhor passar tudo a "patacos" e viver num T2+1 algures, ir de férias para onde vai toda gente e ter um carrito melhor para dizer aos amigos que se tem?
Será que as raízes familiares são importantes?
Se calhar não. E se assim for, vivo com uma mentalidade de outros tempos.
Espero estar enganado, mas dentro de uns anos quando o mundo estiver mesmo globalizado e formos todos iguais (do cabo da Roca aos Urais, do Alasca à Terra do Fogo) vamos precisar de redescobrir as nossas raízes.
Espero que não seja tarde... Para alguns que conheço será de certeza demasiado tarde.
O problema é que para os nossos filhos e netos será sem dúvida muito tarde.
Como se costuma dizer "o futuro constrói-se hoje"
.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Onde estão os princípios e os valores?

Numa altura óptima para a afirmação de um projecto Democrata-Cristão/Conservador. Por onde andam esses valores?
Com o PSD em frangalhos, o PS cada vez menos "Alegre".O Dr. Portas e os amigos começam a fazer disparates. Falta menos de um anos para as eleições e é preciso começar a marcar terreno para os "tachos". Onde está o partido que tinha como primeiro ponto da sua declaração de príncipios o seguinte:
"O C.D.S. representa, em primeiro lugar, os portugueses que estão dispostos a lutar pela consagração, em Portugal, do humanismo personalista, sustentando a necessidade imperiosa de se concretizarem, na nossa vida colectiva, as exigências do progresso, em todas as suas formas.
Defendemos o humanismo personalista porque ele é, mais do que qualquer outra ideologia, o melhor caminho através do qual se procura combater a exploração e a opressão do homem
pelo homem. Pois estas não são apenas as que resultam da organização económica e social dos meios de produção:
O homem é explorado quando se sente asfixiado pelo aparelho burocrático do Estado;
O homem é oprimido quando, por qualquer modo, lhe é vedada a liberdade interior, ou a abertura ao transcendente espiritual;
O homem é oprimido quando a sua vida privada não decorre com a necessária intimidade;
O homem é explorado, a qualquer nível, quando é sujeito ao exercício tirânico da autoridade ou a imposições abusivas de minorias activistas;
O homem é explorado quando a sua consciência de pessoa é abafada pelas massas ou é objecto de manipulações da sociedade de consumo.
Contra todas as formas de exploração e de opressão, urge lutar, mobilizando as múltiplas conquistas do progresso, com vista a uma nova ética da vida em colectividade."

A declaração de princípios foi apresentada em Julho de 1974, mas cada dia que passa é mais actual. Precisamos urgentemente de um (novo) partido de valores.
Por onde andam os Adelino Amaros da Costa, os Basílio Horta, os Vítor Sá Machado, os Valentim Xavier Pintado, os João Morais Leitão, os João Porto?

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Excelência e humildade


O António e eu assistímos, ontem, a uma aula do Prof. Adriano Moreira sobre "paradigmas internacionais". Saio sempre daquelas aulas com a sensação de estar a viver um momento histórico.
O António (que assina AL-M neste blog), depois, descreveu magistralmente essa sensação num email que me mandou e que aqui reproduzo:
"Pensei naquele homem e em qual era a sua beleza naquele contexto. Julgo que está no facto de fazer com que quem o ouve não se sinta medíocre."

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Categoria na Política

Tenho pena que em Portugal não seja possível dois políticos de facções completamente opostas terem um diálogo destes:
"Para Manuel Fraga, la Carta Magna "sin duda" es útil hoy día, "lo que no quiere decir que sea perfectible".
También Santiago Carrillo considera que la Constitución sigue siendo válida. "Coincido con el señor Fraga en que quizá convendría completarla sobre la base de la experiencia y de la realidad de hoy. Cuando la hicimos, no sabíamos si quiera cuántas autonomías iba a haber, por ejemplo, y la Constitución no lo dice"
Quando é que os nossos políticos começam a pensar primeiro em Portugal?

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Boa notícia


E por que não adiantar a coisa????

domingo, 23 de novembro de 2008

Vulgaridade

"The Greeks had a beautiful word for vulgarity: they called it apeirokalia, lack of experience in things beautiful." Leo Strauss

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Sisuda e inábil


Dá pena a falta de jeito da líder da oposição para o registo político. Tenta fazer graça com coisas sem graça, e fá-lo com total ausência de humor, nas palavras e no facies.
Imbuindo-me do espírito de Tocqueville, diria que Ferreira Leite tem, de facto, mais espírito para uma aristocracia no poder (oligarquia) do que para a democracia. Parafraseando o mesmo pensador, "os aristocratas acabam por se afastar da política" porque "toda a democracia tende à mediania". É que vemos e é o que temos.
Com todas as suas inegáveis virtudes, a líder da oposição está tristemente desfasada.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

As pérolas do tempo


Depois das "galés", a indescritível sensação de se viver com asas. Minuto a minuto, a actualização da liberdade, numa lindíssima sinfonia de opções que preenchem os dias. Ainda que se possa ser "livre" na escravatura, ainda que se possa ser "livre" nos totalitarismos, o grito da humanidade clama por mais. É impagável o "tempo em branco", à espera das nossas opções.

Muhammad Yunus


Tive a sorte de poder assistir, há dias, a uma conferência privada dada por Muhammad Yunus aqui em Lisboa, no auditório do ISCTE. Com uma imensa humildade, Yunus contou como livrou da pobreza milhares de famílias no Bangladesh, como inventou o "negócio social", como insiste em apostar nas mulheres para reerguer a sociedade, contra todos os ventos e marés. Fê-lo com uma simplicidade confrangedora, como se não fosse nada de extraordinário, como se se limitasse a fazer o que deve.
Não era possível ouvirmos e vermos aquela pessoa sem nos sentirmos pessolmente interpelados.
Ele é indubitavelmente um daqueles "santos laicos" de que fala o Prof. Adriano Moreira e que são decisivos para alterar o curso da história. Ele está a alterá-lo, no Bangladesh e para lá do Bangladesh.
"A pobreza não é criada pelos pobres, mas por um sistema que nega as oportunidades às pessoas. A maior parte das pessoas morre sem ter oportunidade de fazer desabrochar os seus dons, morre sem saber quem é. Quem perde é o Mundo".

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

As palavras da vitória

Sem mais comentários sobre o tal "fenómeno Obama", não seria justo passar por cima daquele discurso de vitória. Aboluta e rigorosamente norte-americano. Brilhante e carismático. Irrepreensível. Incontornável para quem gosta de discursos. Deixo as últimas palavras.

This election had many firsts and many stories that will be told for generations. But one that's on my mind tonight is about a woman who cast her ballot in Atlanta. She's a lot like the millions of others who stood in line to make their voice heard in this election except for one thing - Ann Nixon Cooper is 106 years old.
She was born just a generation past slavery; a time when there were no cars on the road or planes in the sky; when someone like her couldn't vote for two reasons - because she was a woman and because of the color of her skin.
And tonight, I think about all that she's seen throughout her century in America - the heartache and the hope; the struggle and the progress; the times we were told that we can't, and the people who pressed on with that American creed: Yes we can.
At a time when women's voices were silenced and their hopes dismissed, she lived to see them stand up and speak out and reach for the ballot. Yes we can.
When there was despair in the dust bowl and depression across the land, she saw a nation conquer fear itself with a New Deal, new jobs and a new sense of common purpose. Yes we can.
When the bombs fell on our harbor and tyranny threatened the world, she was there to witness a generation rise to greatness and a democracy was saved. Yes we can.

A man touched down on the moon, a wall came down in Berlin, a world was connected by our own science and imagination. And this year, in this election, she touched her finger to a screen, and cast her vote, because after 106 years in America, through the best of times and the darkest of hours, she knows how America can change. Yes we can.
America, we have come so far. We have seen so much. But there is so much more to do. So tonight, let us ask ourselves - if our children should live to see the next century; if my daughters should be so lucky to live as long as Ann Nixon Cooper, what change will they see? What progress will we have made?
This is our chance to answer that call. This is our moment. This is our time - to put our people back to work and open doors of opportunity for our kids; to restore prosperity and promote the cause of peace; to reclaim the American Dream and reaffirm that fundamental truth - that out of many, we are one; that while we breathe, we hope, and where we are met with cynicism, and doubt, and those who tell us that we can't, we will respond with that timeless creed that sums up the spirit of a people:
Yes We Can. Thank you, God bless you, and may God Bless the United States of America.

domingo, 2 de novembro de 2008

O Sócrates à estalada ao Estado


É hilariante ver o nosso Primeiro-Ministro à estalada ao Estado. O ar de indignação do Sócrates a dizer "o Estado tem que deixar de dever às empresas, é uma situação que tem que acabar!", como se nunca tivesse tido nada a ver com o assunto... Desculpem, mas não entendo como é que toda a plateia não desata à gargalhada, como é que nenhum jornalista lhe pergunta "Quem é o Estado, Senhor Primeiro-Ministro?" Na realidade, o que se torna pungente é a apatia perante o ridículo de quem nos governa.
Mas o discurso não ficou por aqui: "Vamos ajudar as empresas injectando liquidez, favorecendo a competitividade". Não, Senhor Primeiro-Ministro. O que o Senhor vai fazer é pagar o que deve. O resto é tudo mentira.
Livra, este Estado socialista está a tornar-se pura e simplesmente repulsivo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Pensamento

"Aquele que pode negar Deus diante de uma noite estrelada, diante da sepultura das pessoas que mais estima, diante do martírio, é muito infeliz ou muito culpado "
Fonte:
"I Doveri dell'Uomo"
Autor: Mazzini , Giuseppe

Whistlehead e os Minions


Toda a sabedoria político-filosófica condensada num rótulo da Fanta Zero:

"Há uns tipos chatos e cheios de autoridade que estão sempre a impor regras à vida dos outros. É o caso do Whistlehead, que odeia a diversão e impõe as leis mais absurdas para impedir a alegria das pessoas. O que pode ser mais chato do que um chato? Os ajudantes desse chato. Assim são os Minions, os seguidores do Whistlehead, uns minorcas sem personalidade que só andam em grupo e conhecem apenas a palavra "não". Mas nem tudo está perdido! O Whistlehead e os Minions são incapazes de vencer a imaginação e a criatividade do mundo Play On!"

Viva. Temos esperança.

Since 1867...

"Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações. A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. "
Eça de Queiroz
in 'Distrito de Évora (1867)

Em 141 anos aprendemos muito pouco.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Pensamento

“We have not come into the world to be numbered; we have been created for a purpose; for great things: to love and be loved.”
Madre Teresa de Calcutá

E agora Portugal?

"El paro subió en 217.200 personas en el tercer trimestre del año, el 9,1% en relación al trimestre anterior, con lo que el número total de desempleados se situó en 2.598.800 y la tasa de paro repuntó nueve décimas, hasta el 11,33%, alcanzando su nivel más alto desde principios de 2004."
Jornal "El Mundo"
Tantos anos a viver à sombra dos vizinhos e não aproveitar...
E agora?
Continuamos a aguardar um D.Sebastião?
Não, não e não.
Só fomos grandes, quando tivemos e fomos governados com um proposito claro, transparente, social e moralmente elevado. E acima de tudo um objectivo "Português" . Tal como no mundo globalizado da economia, só subsiste quem tiver um contributo a dar ao mundo.
Qual a mais-valia? Qual o contributo da existência de Portugal para o nosso mundo? Infelizmente nos últimos 30 anos, nenhum.
Pena que os nossos comentadores (e demais intelectualidade) nunca tenha abordado o tema.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Associação de Bio quê?


Hoje a associação de bioética desafiou os deputados a referendarem a eutanásia até 2011. Extraordinário.
Sempre pensei que estas instituições existissem para chamar a atenção para os valores perenes ou, mais explicitamente, para a aplicação desses valores perenes à vida actual.
Afinal não. Esta associação existe para lembrar que não há valores perenes. Que o único valor perene é mesmo a vontade da maioria.
Pois. Aí reside a grande diferença entre o jusnaturalismo e o positivismo jurídico. Andamos roeados por gente que pensa que a moralidade se estabelece ou deixa de estabelecer por decreto. E assim se tingem as consciências, e assim surge aquilo a que o Papa João Paulo II chamou de "pecados sociais". De responsabilidade diluída, o legislador positivista soma e segue.
Volta a emergir o grito de Santo Agostinho a pedir DESOBEDIÊNCIA a leis imorais. Precisam-se rebeldes no tempo moderno. Jusnaturalistas no estado mais puro a mostrar, com o brilho dos seus olhos, que a felicidade não reside na vida caipira onde todos abdicam das suas liberdades e das suas responsabilidades mais fundas. Reside antes de mais na dignidade de uma consciência recta e numa vida levada à sua luz, até às últimas consequências.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Spe salvi - uma encíclica imperdível


As férias têm estas coisas óptimas: só agora (como é possível?) consegui ler a última encíclica de Bento XVI, "spe salvi", "é pela esperança que fomos salvos". É de uma pessoa se passar, tal a clarividência, sabedoria, profundidade que dela emana. Neste texto que profere ex catedra, o Papa discorre em primeira pessoa sobre as verdades últimas e sobre as mentiras do tempo presente. Fala do que é o cerne da humanidade, a capacidade de se compadecer, de "sofrer com". Fala do que é o progresso sem o crescimento do "homem interior", que só pode conduzir a aberrações. Fala do inferno, do purgatório e do paraíso e da sua (magistral) visão do que é o juízo final. Tudo incómodo ao tempo presente. Incómodo mas super-necessário. No fim, só podemos ter Esperança.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Lei do divórcio - o veto


Em primeiro lugar, venho dar os parabéns ao assessor que escreveu o belíssimo argumentário em que o Senhor Presidente da República baseou o seu veto. Em segundo lugar, venho dar os parabéns ao mesmo assessor e eventualmente a outros que convenceram o Senhor Presidente da República da urgência deste veto. Em terceiro lugar, venho dar os parabéns ao Senhor Presidente da República por ter dado a cara ao veto. Sempre é alguma coisa.

Tem sido confrangedor ter um Presidente da República pseudo de "direita" (?) e sentir que, apesar disso, o balanceamento do poder é nulo, que os valores não emergem, que não existe apelo nem agravo em tantos assuntos da vida política. É o que há.

Mas ao menos a silly season trouxe-nos o veto. Estamos gratos.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Mark Spitz sobre Michael Phelps


No seu blog "I'm History", Mark Spitz comenta com graça o desempenho do seu compatriota Phelps. Segundo ele, Phelps deveria negociar com as televisões os direitos de utilização da sua imagem. Spitz é um americano cheio de experiência e sentido de oportunidade para o negócio. Parafraseando-o, as pessoas já não se ligam para ver os jogos, ligam-se para ver o Phelps.

Phelps é o Spitz das novas gerações. Mas nunca há-de ser tão charming como ele era...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Sem idade


Não é por acaso que a Filosofia nos diz que o tempo e o espaço são acidentes. Ou seja, não fazem parte da substância das coisas. Dá-se por vezes a coincidência rara de, no mesmo tempo e no mesmo espaço, coexistirem existências com o mesmo comprimento de onda, ou o mesmo carril, ou o mesmo alinhamento, seja lá o que for. Entendimentos para lá da idade, que se percebe intuitivamente que permanecerão para além do tempo e do espaço. E tanto mais quanto se baseiam em realidades substanciais e não acidentais: os valores, as ideias, o Ser. A gratidão por estes encontros não deve desvanecer-se. Afinal eles mostram-nos que a Vida se encontra nas horas mas permanece para além delas...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Opressões


As opressões dos tempos modernos não têm o carácter animalesco das galés mas têm contornos de uma refinada vileza. De facto, o Homem é o "mais mau" do reino animal porque é inteligentemente mau. Requintes de malvadez em infernos mascarados de rotinas ou processos ou reestruturações ou o que seja.

Hoje, como há milhares de anos, cá anda o género humano a transportar a veleidade de Eva, que sucumbiu à proposta mentirosa da serpente "sereis como deuses". Sempre a estúpida ilusão do poder, do poder de mandar, do poder de humilhar, do poder de aniquilar.

Como diz o Eclesiastes, "tudo é vaidade", que também pode ser traduzido por um "tudo é vão".

A vida mesquinha de quem leva a ilusão do poder é de um ridículo confrangedor. E os efeitos que provoca só engrandecem se forem assumidos como redenção. É aí que se inverte a lógica do poder.

E, em ano Paulino, é aí que se pode dizer, com toda a propriedade e até com "gaudio": "quando sou fraco, então sou forte".

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O Relatório da SEDES

O Relatório da SEDES está cheio de pérolas que vale a pena citar:
"A mudança de expectativas e o espectro da recessão aumentaram a conflitualidade social, tornando aparente alguma desorientação por parte do governo."
"A inversão do ciclo de boa-vontade do governo, experimentado na primeira parte do mandato, poderá ser irreversível, a crer nos indicadores disponíveis".
O mais bonito disto tudo são as assinaturas. Bonito a sério: Campos e Cunha, Henrique Neto, Pita Barros...
Que grande satisfação dá constatar o exercício da liberdade de expressão, num país cheio de compadrios e de favores! Tenhamos esperança: Portugal, afinal, não está mal de todo!

terça-feira, 24 de junho de 2008

Espaço público e privado

O Público de ontem traz um incontornável artigo de Georges Steiner onde, entre outras coisas, se faz o elogio do "espaço privado", por contraposição ao "espaço público", onde se insere o fenómeno "político".

Há, na verdade, uma sobranceria latente de uma certa intelectualidade pela incursão no prosaico mundo político. Como se nele as ideias se misturassem mal com a vida, como azeite e vinagre.

Esse é infelizmente um fenómeno universal onde também nos revemos. Não posso deixar de concordar que esses são resquícios de soberba (misturas?) e comodismo (tenho lá paciência...) que em nada ajudam o País e que se resumem à observação crítica e mais ou menos estéril da realidade.

Triste sina a da intelectualidade se não sai do pedestal e, para além de farol, não se faz jangada...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

O futuro do jornalismo

Vale a pena ler o artigo do José Manuel Fernandes no Público de hoje, sobre o futuro do jornalismo.

Está tudo a mudar: fontes primárias podem sê-lo directamente para os leitores (através dos seus websites), leitores podem converter-se em jornalistas e comentadores (através das plataformas on-line, dos blogues e outros), jornais que passam a ser mais uma empresa de grupos económicos indiferenciados (perdendo o seu tradicional estatuto de independência)...

Como em todos os contextos de mudança, imensas oportunidades estão ao nosso dispor. "Nosso", dos que já não estamos do lado de lá (nas redacções), mas vivemos cheios de nostalgias desse tempo.

Parece que chegou a altura de nos convertermos nessa nova casta de interventores, não só para nos aliviarmos dos nossos pensamentos, mas sobretudo para contribuirmos para uma cidadania mais plena.

Os jornais vão acabar? Não creio. Mas, com a dinâmica que a tecnologia imprime a todos os actortes do cenário mediático, o jornalismo tem que se "re-inventar", inovar e melhorar sempre. E isso é bom.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

O Estado Social e a Pobreza

Fantástico o artigo de João Marques de Almeida no Diário Económico, recordando aquela histórica conversa entre o Otelo e o Olaf Palm: "Nós cá queremos acabar com os ricos". Resposta do Olaf: "Nós lá queremos acabar com os pobres". O lastro rasteiro e miserabilista de Otelo está a deixar Portugal bafiento, gasto e sujo. E mais pobre ainda.
É verdade que o Estado Social nunca acabou com a pobreza, bem pelo contrário. E é verdade que têm que ser os pobres a acabar com a pobreza. Os subsídios e as ajudas miseráveis perpetuam a miséria.
É importante dar oportunidades aos pobres para que eles saiam da pobreza e é mais importante ainda acabar com os "auxílios à pobreza".
Sentimos Portugal enterrado num lodaçal pegajoso, feito de favores e horizontes medíocres. Sentimos Portugal a suspirar pelo final do mês, na felicidade ridícula de poder ir desafogar-se em consumismo barato ou em futebol no fim-de-semana a seguir. Sentimos Portugal sem rasgo, sem brilho, sem ideal.
Sentimos, enfim, o Portugal pobre, que sem pão não consegue, nem pode, pensar em mais nada.

sábado, 31 de maio de 2008

Ideário

Este blogue é sobre tudo e sobre nada. É sobre o que se pensa, o que se sonha, o que se deseja e espera, para lá das horas de cada dia. É, em suma, sobre o que nos mantém à tona d'água, sobre o que, espremido, nos faz querer voltar a acordar no dia seguinte.

À tona d'água é uma necessidade compulsiva de comunicar quando as horas dos dias são tão irritantes e vazias, tão desconexas e inexplicáveis.

Vai-se falar de lazer, de valores, de livros e crónicas, de filmes, de arte e da vontade dela, da intemporalidade (dentro e fora do tempo), da família e de tudo o que nos mantiver à tona. Felizmente à tona.