quarta-feira, 29 de abril de 2009

Por fim: Santo Condestável

S. Nuno não dá jeito mas é o que é. Pensar que se casou com uma viúva aos 16 e enviuvou aos 27 já depois de lhe morrerem dois filhos é dose, mas não diz nada sobre a santidade. Ter sido o segundo homem mais importante do reino e o chefe militar mais importante e talentoso diz qualquer coisa dos seus dotes naturais, mas pouco da santidade. Que, depois da morte da única filha tenha renunciado a tudo, tudo, posses, terras, bens, títulos e também aos seus talentos humanos já é mais complicado.
Vamos cá pôr uma comparação. Quem é o segundo homem mais importante de Portugal? O Engº Sócrates? Vamos imaginar o senhor a tomar o hábito e dar tudo aos pobres e nem sequer querer ser chamado de engenheiro e andar a mendigar pelas ruas (sendo que nem se compara a riqueza do Condestável com o pecúlio do nosso PM). Enfim, estranha-se.
Estranha-se, mas santidade é isto: radicalidade na entrega, seja ela qual for. E não é coisa de um dia só, é coisa de todos os dias. Entrega e confiança. Ou, dito de outro modo: fé, esperança e caridade vividas em grau heróico.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O novo César


Do pouco que vimos da entrevista do nosso Primeiro-Ministro ontem na RTP merecem-nos uma pequena consideração dois aspectos:

1. O Primeiro-Ministro assumiu inúmeras vezes o poder de mando. Repetiu não sei quantas vezes um "deixe-me acabar" autoritário perante uma Judite de Sousa dócil e quase submissa. Os tiques do autoritarismo transpiram-lhe pelos poros. Ele não consegue perceber que a sua função é de SERVIÇO. Se calhar é nessa incapacidade que radicam todos os males.

2. O espantoso que é vê-lo a defender a sua honra, sem argumentos, apenas com convicção. O Primeiro-Ministro erigiu-se em César, aquele que nunca erra e a quem se deve prestar vassalagem.

Triste País governado por um homem que nunca erra e presidido por outro que nunca tem dúvidas e raramente se engana.

Uma mentira pegada.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Para que amemos o nossso País, o nosso País tem que ser amável.
Edmund Burke, Reflexions, 1790

Estado e tradição

O Estado Português instituiu como férias escolares da Páscoa as duas semanas que antecedem o dito acontecimento. Ou seja, segunda-feira de Páscoa já há aulas. Como na imensa maioria dos lugarejos de Portugal onde ainda se vivem as tradições a Páscoa é na segunda-feira e não no domingo, o que o Estado Português está a dizer é que as férias da Páscoa não têm nada a ver com esse acontecimento. Um dia destes, o Estado troca as férias da Páscoa pelas férias de neve, porque se calhar a maior parte dos países europeus tem as férias da neve e o liceu francês também.
Não sei bem se é um problema de falta de cultura (bem possível), se é um problema de desrespeito puro pelas tradições de Portugal (bem possível também).
Em qualquer dos casos, é triste. E é um cansaço viver num país que continuamente dificulta e torpedeia as formas de vida que simplesmente queremos viver como as viveram (e nos deixaram) os nossos Avós.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Democracia e vergonha

A responsible government is capable of shame. A perfect democracy is the most shameless thing in the world, because each person's share of responsability is so small that he does not feel it.
Edmund Burke, 1790