quarta-feira, 30 de julho de 2008

Sem idade


Não é por acaso que a Filosofia nos diz que o tempo e o espaço são acidentes. Ou seja, não fazem parte da substância das coisas. Dá-se por vezes a coincidência rara de, no mesmo tempo e no mesmo espaço, coexistirem existências com o mesmo comprimento de onda, ou o mesmo carril, ou o mesmo alinhamento, seja lá o que for. Entendimentos para lá da idade, que se percebe intuitivamente que permanecerão para além do tempo e do espaço. E tanto mais quanto se baseiam em realidades substanciais e não acidentais: os valores, as ideias, o Ser. A gratidão por estes encontros não deve desvanecer-se. Afinal eles mostram-nos que a Vida se encontra nas horas mas permanece para além delas...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Opressões


As opressões dos tempos modernos não têm o carácter animalesco das galés mas têm contornos de uma refinada vileza. De facto, o Homem é o "mais mau" do reino animal porque é inteligentemente mau. Requintes de malvadez em infernos mascarados de rotinas ou processos ou reestruturações ou o que seja.

Hoje, como há milhares de anos, cá anda o género humano a transportar a veleidade de Eva, que sucumbiu à proposta mentirosa da serpente "sereis como deuses". Sempre a estúpida ilusão do poder, do poder de mandar, do poder de humilhar, do poder de aniquilar.

Como diz o Eclesiastes, "tudo é vaidade", que também pode ser traduzido por um "tudo é vão".

A vida mesquinha de quem leva a ilusão do poder é de um ridículo confrangedor. E os efeitos que provoca só engrandecem se forem assumidos como redenção. É aí que se inverte a lógica do poder.

E, em ano Paulino, é aí que se pode dizer, com toda a propriedade e até com "gaudio": "quando sou fraco, então sou forte".

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O Relatório da SEDES

O Relatório da SEDES está cheio de pérolas que vale a pena citar:
"A mudança de expectativas e o espectro da recessão aumentaram a conflitualidade social, tornando aparente alguma desorientação por parte do governo."
"A inversão do ciclo de boa-vontade do governo, experimentado na primeira parte do mandato, poderá ser irreversível, a crer nos indicadores disponíveis".
O mais bonito disto tudo são as assinaturas. Bonito a sério: Campos e Cunha, Henrique Neto, Pita Barros...
Que grande satisfação dá constatar o exercício da liberdade de expressão, num país cheio de compadrios e de favores! Tenhamos esperança: Portugal, afinal, não está mal de todo!