terça-feira, 24 de junho de 2008

Espaço público e privado

O Público de ontem traz um incontornável artigo de Georges Steiner onde, entre outras coisas, se faz o elogio do "espaço privado", por contraposição ao "espaço público", onde se insere o fenómeno "político".

Há, na verdade, uma sobranceria latente de uma certa intelectualidade pela incursão no prosaico mundo político. Como se nele as ideias se misturassem mal com a vida, como azeite e vinagre.

Esse é infelizmente um fenómeno universal onde também nos revemos. Não posso deixar de concordar que esses são resquícios de soberba (misturas?) e comodismo (tenho lá paciência...) que em nada ajudam o País e que se resumem à observação crítica e mais ou menos estéril da realidade.

Triste sina a da intelectualidade se não sai do pedestal e, para além de farol, não se faz jangada...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

O futuro do jornalismo

Vale a pena ler o artigo do José Manuel Fernandes no Público de hoje, sobre o futuro do jornalismo.

Está tudo a mudar: fontes primárias podem sê-lo directamente para os leitores (através dos seus websites), leitores podem converter-se em jornalistas e comentadores (através das plataformas on-line, dos blogues e outros), jornais que passam a ser mais uma empresa de grupos económicos indiferenciados (perdendo o seu tradicional estatuto de independência)...

Como em todos os contextos de mudança, imensas oportunidades estão ao nosso dispor. "Nosso", dos que já não estamos do lado de lá (nas redacções), mas vivemos cheios de nostalgias desse tempo.

Parece que chegou a altura de nos convertermos nessa nova casta de interventores, não só para nos aliviarmos dos nossos pensamentos, mas sobretudo para contribuirmos para uma cidadania mais plena.

Os jornais vão acabar? Não creio. Mas, com a dinâmica que a tecnologia imprime a todos os actortes do cenário mediático, o jornalismo tem que se "re-inventar", inovar e melhorar sempre. E isso é bom.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

O Estado Social e a Pobreza

Fantástico o artigo de João Marques de Almeida no Diário Económico, recordando aquela histórica conversa entre o Otelo e o Olaf Palm: "Nós cá queremos acabar com os ricos". Resposta do Olaf: "Nós lá queremos acabar com os pobres". O lastro rasteiro e miserabilista de Otelo está a deixar Portugal bafiento, gasto e sujo. E mais pobre ainda.
É verdade que o Estado Social nunca acabou com a pobreza, bem pelo contrário. E é verdade que têm que ser os pobres a acabar com a pobreza. Os subsídios e as ajudas miseráveis perpetuam a miséria.
É importante dar oportunidades aos pobres para que eles saiam da pobreza e é mais importante ainda acabar com os "auxílios à pobreza".
Sentimos Portugal enterrado num lodaçal pegajoso, feito de favores e horizontes medíocres. Sentimos Portugal a suspirar pelo final do mês, na felicidade ridícula de poder ir desafogar-se em consumismo barato ou em futebol no fim-de-semana a seguir. Sentimos Portugal sem rasgo, sem brilho, sem ideal.
Sentimos, enfim, o Portugal pobre, que sem pão não consegue, nem pode, pensar em mais nada.