sexta-feira, 27 de março de 2009

Pluralismo exige diferença

A propósito da intenção do governo de legalizar os "casamentos" de homossexuais, gostaria apenas que me fosse dada a possibilidade de ser diferente.

Eu, heterossexual, casada, gostaria de não ser engolida num estatuto jurídico onde cabem todo o tipo de opções.

Invoco o meu direito à diferença e o respeito pelo pluralismo e sugiro que alterem os nomes dos institutos jurídicos das várias opções. Também podem mudar o meu, não me importo. Se querem chamar "matrimónio" ao meu e "casamento" ao outro, tanto faz. Ou se querem continuar a chamar "casamento" ao meu e começar a chamar "aliança" ao outro, força.

Mas, por favor, não nos igualem. Por mais que se queira, a natureza não muda. E isso é bom. É o que nos torna irremediável e felizmente diferentes.

Elite governante


A nossa elite governante é do melhor que há. Ontem, Isaltino de Morais deu imensas provas disso, com uma consciência cívica acima de qualquer suspeita, como convém à classe. Fugiu aos impostos na compra de casas e garagens na década de 90 "porque na altura toda a gente fazia isso". E ficou com 400 mil euros "de sobras de dinheiros das campanhas" (sobras????) "porque todos os autarcas faziam (e fazem?) isso". Ora, está bem de ver: o padrão actual de moralidade parece ser "o que toda a gente faz". É de arrepiar.

A partidocracia precisa de uma varridela de alto a baixo. O lixo humano em que se converteu a nossa política ultrapassa o suportável. A podridão que se exibe é nauseabunda.

Há tempos sugeriram-me uma manifestação "da vergonha". Viver em Portugal hoje é uma vergonhaça. Mas uma manifestação não me parece. Não fosse virar fashion e toda a gente aderir, o que seria uma vergonha a dobrar...

Em terra de cegos...

Ontem dei-me conta que o Estado cobra 20% de IVA sobre armações de óculos. Extraordinário. O Estado não considera os óculos um bem de primeira necessidade. Será de segunda, de terceira ou mesmo um bem de luxo??? Bom mesmo é sermos todos ceguinhos para não vermos as enormidades deste despotismo (esclarecidíssimo) em que vivemos...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Educação para a democracia

Incontornável a entrevista a Aldo Naouri que sai hoje no Público sobre a educação que os pais dão (ou não dão) aos filhos nos nossos dias. Basicamente, a teoria é que se andam a educar futuros tiranos. Educar para a democracia implica, segundo o autor (que merece respeito) o exercício da autoridade e da correspondente obediência.

sexta-feira, 20 de março de 2009

À portuguesa

Hoje fui em pesquisas para a Hemeroteca Nacional, que fica num belíssimo edifício do Bairro Alto, no antigo Palácio do Conde de Tomar. É evidente que se não fosse propriedade do Estado não estaria decrépito como está, em especial as salas de leitura.

Enfim, uma saga. Primeiro, chegar lá, no meio das confusões das obras dos esgotos da cidade. Depois, precisar de ver umas 10 publicações e só conseguir ver duas, porque as outras estavam para restauro ou a precisar de requisição. Por fim, querer tirar fotocópias e levar como resposta "a fotocopiadora está avariada; talvez só lá para a semana que vem". E um conselho: "a Biblioteca Nacional também tem". Lindo.

Sair com a sensação da ineficiência. Um lastro do serviço público.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Desempregados vão pagar menos 50% na prestação da casa

Extraordinário. Pergunto-me quem vai estar cá para pagar estes desvarios pseudo-sociais do nosso primeiro-ministro. Como disse Medina Carreira na última entrevista a Mário Crespo, "dentro de uma década estes senhores hão-de estar todos sentados no banco dos réus".
Faz-me lembrar o Chávez que só quer agradar ao eleitorado e por ele faz as maiores barbaridades, deixando o país de rastos. Uma autêntica vergonha.

domingo, 15 de março de 2009

Estado, pão e liberdade

O nosso Estado resolveu proibir os padeiros de fazer pão com mais de 13 g de sal e, consequentemente, proibir os portugueses de comer pão com mais de 13 g de sal. O país aplaudiu de pé, com o pleno dos deputados do PS, do PSD, do Bloco, PCP e afins a votar a favor da medida. O racional é claro: como é o Estado a pagar a saúde e os portugueses são hipertensos, começa a cortar-se o mal pela raiz.
Mas há outro modo de ver a coisa: o que tem o Estado a ver com o que eu como?

E essa leva a outra mais radical: o que tem o Estado a ver com a minha saúde, se eu estiver disposta a responsabilizar-me por ela?

Numa democracia madura, o Estado não deve tratar cegamente os seus cidadãos. Deve dar-lhes a possibilidade de escolher o que querem para si, acatando as consequentes responsabilidades.

Na verdade, deixarmos de ter um Estado do estilo paternalista (cubano!) pode dar mais trabalho à cidadania, mas torna por certo o país mais responsável, mais produtivo, mais activo, mais vivo e, diria, mais verdadeiro.

sexta-feira, 6 de março de 2009

É tão simples...

"O povo opõe-se à massa: vive da liberdade e da consciência de cada um."
Pio XII

quarta-feira, 4 de março de 2009

Suma Teológica - Um portento

A sensação de ler S. Tomás hoje (S.Th, Q. 90 a 97) é maravilhosa, é como fazer sinfonia de uma partitura de gregoriano, preenchê-la com o que o tempo nos trouxe.
Aí se encontram as bases da sociedade aberta, mutável nas suas circunstâncias e evolutiva por ensaio e erro.
Aí estão as bases da paz social, que não altera o costume por dar cá aquela palha, antes respeita o que a comunidade cumpre com gosto e bem-estar.
Aí está o princípio de que não há perfeição nem nos homens nem nas sociedades e que é um abuso do Estado ir além do que possibilite a tranquilidade pública.
Aí está, mais do que tudo, a raiz da lei, que não está no Homem mas é-lhe anterior e superior.
Às vezes pergunto-me se esta mediania (que já Tocqueville previa para as democracias a meados do séc. XIX) não se deverá à ausência do padrão de lei anterior e superior. É que, quando esse padrão é assumido, as atitudes que gera são de um tipo que escasseia nos nossos dias: a obediência, o respeito, o sentido do dever.
Quando o Homem se torna "medida de si mesmo" acaba por obedecer apenas aos seus caprichos, respeitar apenas os seus desejos, ignorar os seus deveres, enaltecer os seus direitos e abalroar os dos outros.
Na realidade, o que me parece faltar à nossa sociedade é mesmo a educação para os valores, que são o que dá o sentido da dignidade da pessoa, da alteridade, do respeito e da verdadeira solidariedade.


Um par de horas no facebook

Ontem à noite aderi ao facebook a pedido de várias famílias, e acabo de me desactivar. A quantidade de coisas que aconteceram em pouco mais de uma hora "connected" fizeram-me perceber que estou completamente "out". O que vi, nesse pouquíssimo tempo:
1. O facebook faz perder imenso tempo;
2. O facebok é uma feira de vaidades;
3. O facebook é um lugar sem lei onde (pelo menos) algumas pessoas vagueiam com facetas ignotas e espantosas, tipo bas-fond;
4. O facebook mantém as relações num nível de superficialidade confrangedor.
Enfim, o facebook é um sinal dos tempos. Não me tirem um encontro singelo nos jardins de Belém (ou nos seus pastéis), ou noutro sítio qualquer, onde haja permuta de olhares e ideias e comunicação como deve ser.
P.S. Salvo melhor opinião.