sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

In memoriam Roby Amorim

O que tornava o Roby uma pessoa absolutamente singular era aquela desconcertante simplicidade, a modéstia, a fragilidade, a humildade. Ele não podia deixar de entrar nos nossos corações porque, com tão extremas capacidades, se mostrava profundamente pequeno e indigente. Ele dava graça a conteúdos sem graça, encontrava palavras importantes para assuntos quiméricos. O Roby era o herói do texto. Ele tinha um mundo interior tão rico que surpreendia sempre: o amor pela História e pelas pequenas estórias, pelas origens (em Braga, "no penico do Céu"), pela família, pela palavra, a língua, tanta coisa! E aqueles desenhos que fazia, absorto, entregue!... Deu-me vários, porque o admirava, tão querido! Tenho um mesmo em frente a mim, emoldurado, no escritório. Tem dedicatória. Diz assim: 

A rose is a rose is a rose. A primrose by the river is nothing but a primrose.  
A rose for a rose. 

Retribuo, em grau centuplicado, meu querido Roby.

sábado, 16 de novembro de 2013

A Escola Pública não pode ser boa

É impossível a Escola Pública ser boa.
1. A Escola não escolhe os seus professores. Ou são da casa por vínculos de efetividade (anos) e tornam-se por isso "comprometidos com os projetos" (as escolas com melhores resultados são os que têm maior estabilidade de corpo docente) ou não são.
2. Cada vez há mais professores efetivos a pedirem reformas, cheios de inseguranças.
3. Em consequência, cada vez há mais professores "voláteis": aqueles o Ministério manda, sem conhecer rosto, contexto ou valor, e que a escola tem que receber sem dizer um "ai". A expressão que se usa é: "O prof. de X do meu filho é péssimo: CALHOU ASSIM!"
4. O que rankings traduzem em relação à escola pública é cada vez menos a qualidade do ensino e do projeto educativo e é cada vez mais o contexto sócio-económico onde as escolas estão inseridas e o dos próprios alunos. 
Da leva dos "novos profs." - estes voláteis, encontrar um com critérios de excelência é como encontrar uma agulha no palheiro. Também percebo: para eles, serem bons ou não serem não faz grande diferença e dá muito menos trabalho não fazer nada pela vida e ter ordenado certo ao final do mês. Mas, convenhamos, é esteticamente muito feio - e isso nota-se, por fora!
Dêem liberdade às escolas públicas de escolherem os seus professores, dêem-lhes autonomia, dêem-lhes asas. Se eles não querem, obrigam-nos a ser livres e a assumir a respetiva responsabilidade, que é o que os Pais devem fazer com os filhos, para eles crescerem. 
Só em liberdade, só com mercado aberto a competências, metodologias e processos e com avaliação de resultados (e suas consequências), se pode pensar em excelência. Sem isso é tudo mentira.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

"Tax freedom day"

Este ano, os portugueses têm que trabalhar até ao dia 4 de junho só para pagar impostos. Veja a reportagem aqui. Parabéns e obrigada a quem faz estes estudos.
Convém comparar. Nos EUA este dia celebra-se à séria, mas varia de estado para estado: o máximo que se encontra é 27 de abril, em Connecticut, e o mínimo é no Alasca, a 26 de março.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Piegas é o Sr, caro Primeiro Ministro

O nosso Primeiro Ministro, numa tirada com grande sentido de Estado, veio dizer aos portugueses para não serem "piegas".

Com todo o respeito, caro Primeiro Ministro, piegas é o Senhor. Enquanto não tiver coragem para fechar institutos públicos, fundações, entidades, mordomias e cargos que só servem para contentar clientelas, piegas é o Senhor.

Por isso lhe digo, comece por si. Não seja piegas e mande trabalhar (isto é, faça sair do setor público) todos os primos e respetivos piriquitos que pululam nessa maravilhosa e oculta máquina chamada "Estado".

Depois já pode vir chamar piegas a quem quiser.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Há professores que não sabem quem foi o primeiro Presidente da República nem a raiz quadrada de 9

Dando todos os descontos à parcialidade de reportagens desta natureza, parece-nos sintomático que haja professores (desses activos, que vêm para a rua fazer valer os seus direitos e, espera-se, os dos seus alunos!) que ficam cheios de dúvidas e não sabem responder a questões como "quem foi o primeiro Presidente da República de Portugal" ou "qual é a raiz quadrada de 9", entre outras questões do género. Só vendo.
Claro que o resultado só pode ser este. Vale a pena ver os dois links.



Ninguém mais sente vergonha?

Ouvir esses desconhecidos senhores da troika a dizer coisas sobre Portugal suscita-nos um profundo sentido de vergonha e de repugnância. Ninguém diz nada, toda a gente parece estranhamente consensual sobre este ingerência burocrática e anti-democrática: a oposição (que oposição?) não se ouve, nem os intelectuais (pseudo e sem ser), nem a comunicação social (que quarto poder?) nem coisa nenhuma! É ainda o "poder económico" que vai saltando à liça. Ontem, Fernando Ulrich traduziu, e bem, o nosso estado de espírito. O Rei continua a ir despudoradamente NU!



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O paraíso é...

O paraíso é estar em paz com as coisas. Nós não podemos escolher como ou quando vamos morrer. Podemos somente decidir como vamos viver.

(Citação de George Santayana, feita por uma rapariga de 11 anos no seu mural do facebook).

sexta-feira, 29 de julho de 2011

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O equívoco dos "dinheiros públicos"

Uma ida à repartição das Finanças tem sempre o efeito (tonificador) de uma data de pensamentos, dos quais me venho aqui aliviar.



Há em Portugal um grande equívoco: o pensamento de que o dinheiro dos impostos é um dinheiro "público". A verdade é que o dinheiro dos impostos é um dinheiro "privado", ganho pelos privados, com o seu trabalho e com o seu risco.

O "dinheiro público" cheira a saco azul que dá para tudo, a começar pelas maiores trafulhices.

O dinheiro privado (que é o que é, na verdade, o dinheiro dos impostos), merece por quem o gere e por quem o transforma em "bem comum" o maior dos respeitos, a maior das competências, a maior das transparências. Tudo o que sai disto é abuso, roubo.

Por isso é que nos sentimos, com toda a justiça, todos ROUBADOS.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sobre a rede pública de escolas (não estatais)

Aqui encontra-se um esclarecimento que merece ser lido (Expresso). Escola pública não significa, não tem significar e é bom que não signifique escola estatal. Livrem-nos deste mau Estado, devolvam, por favor, a vida e a liberdade de acção às pessoas e à sociedade.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Virtude e poder

Se devemos esperar que quem nos governa seja virtuoso? Infelizmente, que percentagem de Portugueses é que saberá o significado prático dessa palavra?
A única coisa que podemos pedir e pela qual devemos lutar é um poder limitado. Limitadíssimo: no que tem para fazer e nos seus controlos.
Sem isso continuaremos a viver a rebaldaria da República das Bananas.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Serviço público, Estado e privados, ou a grande confusão

O debate que tem havido em torno das escolas públicas e escolas com contratos de associação revela alguma coisa de ideologia mas muito mais de ignorância. O Estado não tem, ele mesmo, que ser especialista em dar aulas, ou em preparar pessoas para dar aulas. O Estado tem apenas que proporcionar esse serviço a quem o queira e/ou precise, com a maior eficiência. Eficiência que os privados conseguem mas o Estado não consegue.
Por outro lado, o Estado não tem que ter um alto desígnio de educador, formatando cabeças com conteúdos programados. Aliás, isso é destruir as bases do pluralismo e da liberdade. A sociedade só "respira" na diferença, na concorrência, na diversidade de focos de ensino, e na sua qualidade. Qualidade que, manifestamente, o Estado, ele mesmo, também não consegue proporcionar.
Libertem a escola pública das redes burocráticas do Estado (cego) e vejam como floresce o nosso ensino. E não só o nosso ensino. A nossa democracia. O nosso País.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Esperança na Humanidade

Apesar dos "ambientes" e do imediatismo no qual vivemos as nossas vidas, temos de ter alguma visão da história.
O vídeo "200 countries, 200 years, 4 minutes" tenta dar uma visão bastante mais real dos dias em que vivemos- http://www.wimp.com/countriesyears/
Nem tudo é preto nos dias que correm....

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Como é burra e terrorista a nossa Administração Pública


Confrontei-me ontem com um exame de avaliação de conhecimentos para um cargo de "Técnico Superior" da Administração Pública. Tinha 18 perguntas de resposta múltipla, deste tipo:

"Uma unidade de missão pode ser coordenada por:

a) Um Director nível 1 e três coordenadores

b) Dois Directores nível 2 e quatro coordenadores

c) Dois Directores nível 1 e três coordenadores

d) Um Director nível 2 e cinco coordenadores"


Para fazer exames destes, a nossa Administração Pública prova, mais uma vez, a sua estupidez, que quer alargar a mais estúpidos, anonimamente transformados em peças de organigrama, de responsabilidade diluída, mas cheios de poder. A isso chama-se TERRORISMO.

Enquanto isto tudo não acabar, quem acaba é Portugal.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

"A crise não interessa nada"

Paulo Azevedo, CEO da Sonae: "Que interessa se um mercado vale 2 mil milhões ou 1.700 milhões se não produzo nada?"
Temos homem.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Um olhar real

Frei Fernando Ventura. Aqui está o nosso país hoje, sem máscaras nem fantasias. Subscrevo tudo.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sócrates sem vergonha nem cara

Como costuma dizer uma amiga minha, "para se ter vergonha é preciso ter-se cara". O nosso desinibido PM vai dando o mote da "desvergonha" a um país que secunda com agrado os seus encantos e até deve achar que tem graça quando declara que prefere expressar-se em "mau inglês" perante os alunos da Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Merece ser visto (aqui), só para percebermos como não queremos ser quando formos grandes.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

5.200 € por aluno


O ensino público em Portugal gasta ou "investe" 5.200 € por aluno. Nenhuma escola privada que eu conheça gasta semelhante maquia, especialmente para tão péssimos resultados. Fosse dada aos portugueses uma verdadeira liberdade de escolha de ensino (poder escolher, como nos países civilizados, entre privado ou público, em igualdade de condições) e ver-se-ia onde ia parar o público. Como nos rankings das escolas iria parar ao seu lugar, ou seja, o último. Retirar-se-ia, e era o melhor que tinha a fazer. Pela educação das nossas crianças. E pela justiça na aplicação do dinheiro que nos retiram ao salário, irresponsavelmente desperdiçado num sistema ineficiente, burocrático e autofágico.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O inferno do facebook


"O facebook é um grande campo de concentração voluntário."
"No facebook, a única forma de teres amigos é não seres tu próprio".


Oliviero Toscani (o fotógrafo das campanhas da Benetton)