quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Apetite vs. Dever

O que separa os adeptos do "sim" e os adeptos do "não" no casamento dos homossexuais e outras questões "fracturantes" é um fosso: os dos que pensam que a vida se rege pelo apetite (a satisfação dos desejos no mais curto espaço de tempo) e os que pensam que a vida se rege pelo dever: dever perante si próprios, perante a sua vida e a vida dos outros. Os primeiros fazem de si próprios a medida de todas as coisas. Os segundos aprendem a respeitar: a vida, os outros, as tradições. Estarão, pois, sempre em desvantagem nestes debates.
E basta fazer um pequeno exercício empírico para distinguir quem está bem e quem está mal, numa perspectiva meramente social: ponham numa sala miúdos que cresceram nos padrões do primeiro registo e noutra sala miúdos que cresceram educados no segundo registo. No fim, vejam o estado das salas e verifiquem quem conservou e quem destruiu.
É igual para a sociedade.

4 comentários:

Anónimo disse...

Que mediocridade. E que desilusão.

Manuel Moreira disse...

o comentário anterior é meu.
esqueci-me de assinar

DMF disse...

Muito obrigada pelo comentário. O argumento pode ser dado de forma mais erudita. Os pontos de partida dos dois lados partem de princípios axiais diferentes. Um deles considera que os princípios da vida em comunidade podem ser decididos pela vontade das pessoas, expressa na maioria. O outro entende que há princípios da vida em comunidade que não podem ser decididos por vontade da maioria. Entendem esses princípios como anteriores e superiores a si, a que devem respeitar, independentemente da vontade e do desejo próprio. A justificação tem a ver com a "natureza humana" e o fim a que esta se destina. Estes princípios incluem a vida e a família.

Manuel Moreira disse...

Obrigado pela resposta, e esses pontos de vista seriam, sim, interessantes de debater.
Mas o meu comentário não visava esse debate, porque não era de todo sobre isso que o seu post original falava.
O seu post apenas distinguia, de forma redutora, medíocre e perversa, as pessoas que a senhora coloca em cada um dos lados do actual debate.
Eu sou adepto do "sim" e tenho todo o interesse em debater as questões que enumera nesta sua resposta, mas só tenho gosto em fazê-lo com quem fundamenta os seus pontos de vista com preocupações um pouco mais elevadas (e menos ofensivas) do que as que enumerou no post original.
Ser definido (eu e todos os que pensam como eu) como alguém cuja "vida se rege pelo apetite, a satisfação dos desejos no mais curto espaço de tempo" é, para mim, desrespeitoso, abusivo, um ponto de partida para um debate faccioso e inútil.